No dia 2 de abril, às 9 horas da
manhã, conforme pede a CNBB, os sinos de todas as igrejas do Brasil repicarão
em sinal de alegria, gratidão e comunhão, pois nesse dia o Santo Padre o Papa
Francisco assina o decreto de canonização do Apóstolo do Brasil, isto é,
inscreve no “cânon” (catálogo) dos santos o Padre José de Anchieta, agora São
José de Anchieta; motivo de festa na diocese de Petrópolis.
Para celebrar a canonização, a diocese celebrará uma missa, no mesmo dia, às 19h30, no Poço Bento, que segundo a tradição
teria sido abençoado pelo Padre José de Anchieta, durante sua passagem pelo Rio
de Janeiro.
A missa vai reunir os fiéis e
devotos do Beato José de Anchieta, assim como diversos padres da Diocese e que
exercem seu ministério sacerdotal no Decanato de Magé, que tem o beato como
padroeiro.
A decisão de canonização do Beato
José de Anchieta foi do Papa Francisco, depois de uma conversa com o presidente
da CNBB e arcebispo de Aparecida, Dom Raimundo Damasceno. O decreto de
canonização será assinado pelo Papa nesta quarta-feira, dia 2.
O Bispo da Diocese de Petrópolis,
Dom Gregório Paixão falou sobre a importância desta canonização para o Brasil e
para toda a igreja, pois, na sua opinião, é o reconhecimento de alguém que
dedicou sua vida a evangelização. O bispo chamou atenção ainda para os diversos
meios utilizados pelo Padre José de Anchieta para divulgar o evangelho, como
teatro e a poesia.
O Vigário Geral da Diocese,
Monsenhor Paulo Daher chama atenção para uma das preocupações do Beato, durante
toda a sua vida, que foi a educação, seja na evangelização ou na formação das
pessoas, principalmente dos índios.
Dom Gregório Paixão, no domingo,
dia 6 de abril, vai presidir uma missa solene no Poço Bento, às 11h, em
comemoração pela canonização do beato. Durante a celebração, anunciará que o
Decanato de Magé, agora passa a ser chamado Decanato São José de Anchieta.
Saiba um pouco mais sobre São José de Anchieta
O “Santo do Brasil” nasceu na verdade em
Tenerife, no arquipélago espanhol das Canárias, em 19 de março de 1534. Tendo
recebido uma primorosa educação cristã em sua família, foi enviado a estudar em
Coimbra, onde dividia o seu tempo entre o estudo e a oração. Sentindo-se
chamado por Deus para a vida consagrada e desejando levar a luz do Evangelho
aos que não o conheciam, entrou, aos 17 anos, na Companhia de Jesus, sociedade
religiosa missionária recém-fundada por Santo Inácio de Loyola. Deus o provou
com uma grave doença, com fraqueza e dores em todo o corpo, durante dois anos.
Os superiores decidiram enviá-lo ao Brasil, na esperança de que o bom clima da
terra lhe fizesse bem. Providência divina! Partiu de Lisboa em 1553, com 19
anos de idade, acompanhando o novo Governador Geral do Brasil, Duarte da Costa,
e alguns outros jesuítas.
Viveu aqui no Brasil dos 19 aos
63 anos, idade em que morreu, sendo ao longo desses 43 anos o verdadeiro
“Apóstolo do Brasil”, participando da fundação de escolas, igrejas e cidades,
liderando a catequese dos índios, aprendendo perfeitamente a língua deles e
escrevendo a primeira gramática brasileira em tupi. É, junto com o Pe. Manuel
da Nóbrega, o fundador da cidade de São Paulo, tendo estado também no Rio por
ocasião da fundação da cidade, onde dirigiu o Colégio dos Jesuítas. Preparou
alas da escola como enfermaria, criando a Santa Casa do Rio de Janeiro, sendo,
além disso, diretor do Colégio dos Jesuítas em Vitória ES.
A pé ou de barco, Anchieta viajou
pelo Brasil inaugurando missões, catequizando e instruindo os índios e colonos,
consolidando assim o cristianismo e o sistema de ensino no país, fundando
povoados, sendo assim o grande promotor da expansão e interiorização do país.
Anchieta lutou para que o Brasil
não ficasse dividido entre portugueses e franceses. Quando, apoiados pelos
franceses, os Tamoios se rebelaram contra os portugueses, Anchieta se ofereceu
como refém, enquanto Manuel da Nóbrega negociava a paz. Ficou cinco meses no
cativeiro, resistindo à tentação contra a sua castidade, pois os índios
ofereciam mulheres aos prisioneiros. Para manter a virtude, Anchieta fez uma
promessa a Nossa Senhora de que escreveria um poema em sua homenagem. Assim,
tendo saído são e casto, escreveu na areia de Iperoig (hoje Ubatuba) os 4.172
versos do célebre “Poema da Virgem”, que, depois, transcreveu no papel.
Na dedicatória final do poema,
Anchieta, cheio de humildade, exprime o seu desejo do martírio: “Eis os versos
que outrora, ó Mãe Santíssima, te prometi em voto, vendo-me cercado de feros
inimigos. Enquanto entre os Tamoios conjurados, pobre refém, tratava as
suspiradas pazes, tua graça me acolheu em teu materno manto e teu véu me velou
intactos corpo e alma. À inspiração do céu, eu muitas vezes desejei penar e
cruelmente expirar em duros ferros. Mas sofreram merecida repulsa meus desejos:
só a heróis compete tanta glória!”.
Mas Anchieta sofreu o martírio do
apostolado e a dureza da evangelização na pobreza e no desconforto. Assim ele
descreve, em agosto de 1554, em carta a Santo Inácio de Loyola, as instalações
do Colégio de Piratininga, o embrião da cidade de São Paulo e do sistema
educacional brasileiro: “De janeiro até o presente se fez ali uma pobre casinha
feita de torrão e palhas com catorze passos de comprido e doze de largo,
moravam bem apertados os irmãos. Ali tinham escola, enfermaria, dormitório,
refeitório, cozinha e despensa... As camas eram redes, os cobertores o fogo.
Para mesa usavam folhas de bananas em lugar de guardanapos... A comida vem dos
índios, que nos dão alguma esmola de farinha e algumas vezes, raramente, alguns
peixinhos do rio e, mais raramente ainda, alguma caça do mato... Todavia não
invejamos as espaçosas habitações, pois Nosso Senhor Jesus Cristo dignou-se
morrer na cruz por nós”.
Na oração dele, assim rezamos:
“Senhor nosso Pai, através de São José de Anchieta, evangelizastes o nosso
Brasil. Ele amou os pobres e sofredores, amenizando e curando seus males e foi
solidário com os índios, ajudando-os a Vos conhecer e amar em sua própria
língua e costumes. Neste momento, ó Pai querido, por intercessão do Beato Padre
Anchieta, eu Vos peço..., fortalecido pela mediação de Nossa Senhora, que ele
muito amou em sua vida. Amém”.
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